segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MATHEUS


Escrevi este singelo poema quando olhei para o Matheus pela primeira vez (queria que ele soubesse, mais tarde, o que pensei naquele eterno instante). O amor que se tem por um filho não se dimensiona.


MATHEUS


Dentro de um berço com aquecimento,
Foi onde o vi pela primeira vez
Olhos fechados, boca carnuda, respiração ofegante.
Aquele pequeno instante nunca se desfez.

O olhei com a ternura de um rouxinol,
Com a esperança de uma primavera,
Com a delicadeza de uma pétala,
Com a emoção de um poeta.

Entendi naquele instante
Os vários olhares de meu pai,
Olhares de proteção e acalanto,
Olhares de amor e de encanto.

Vi, naquele segundo tão longo,
Que cordão umbilical não se corta,
Apenas deixa de transportar alimento
E se prende as coisas do sentimento.

Matheus, dádiva de Deus.
Deus por mim tantas vezes questionado,
Deus que o homem insiste em inventar,
Deus que se fez presente e real naquele breve olhar.

Foi naquele instante,
Com lágrimas a embaçar o olhar,
Coração em ritmo desconcertante,
Que entendi o que é verdadeiramente amar!

                          Marcelo Faleiros