sexta-feira, 22 de junho de 2012

A CIDADE

"Cidade grande, grande solidão." 
  Estrabão




A CIDADE

A cidade vai à busca do caos,
Ali estático, para-se, olha-se, chora-se.
Abafada derrete ao sol,
Sons, gritos aflitos, aglomeram-se.
Tanto cresce, perde-se,
Calados, passos, passados, solidão.

A cidade engole pelas bordas,
Traga-se árvores, aspira-se sonhos.
Explode por dentro,
Arremessa-se lixo, cria-se feridas.
Perde o rumo, sem mão,
Todos os caminhos, só contra mão.

A cidade tem veias, sem oxigênio,
Só o venoso, sem pulmão, só agonia.
Mata-se, na tarde, no rush,
Todos atolados na pressa, na pressão.
Atropela-se, apela-se, pela-se,
Mais um corpo, no vão, menos um.

A cidade suplica a própria morte,
Fim da insuportável eternidade.
A cidade irá sublimar na ambição,
Esvaziar para sempre, ficando o esqueleto.
Ficando o vento a lixar as arestas,
Ficando apenas a mancha na bela Terra.

Marcelo Faleiros

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