Estrabão
A CIDADE
A
cidade vai à busca do caos,
Ali
estático, para-se, olha-se, chora-se.
Abafada
derrete ao sol,
Sons,
gritos aflitos, aglomeram-se.
Tanto
cresce, perde-se,
Calados,
passos, passados, solidão.
A
cidade engole pelas bordas,
Traga-se
árvores, aspira-se sonhos.
Explode
por dentro,
Arremessa-se
lixo, cria-se feridas.
Perde
o rumo, sem mão,
Todos
os caminhos, só contra mão.
A
cidade tem veias, sem oxigênio,
Só
o venoso, sem pulmão, só agonia.
Mata-se,
na tarde, no rush,
Todos
atolados na pressa, na pressão.
Atropela-se,
apela-se, pela-se,
Mais
um corpo, no vão, menos um.
A
cidade suplica a própria morte,
Fim
da insuportável eternidade.
A
cidade irá sublimar na ambição,
Esvaziar
para sempre, ficando o esqueleto.
Ficando
o vento a lixar as arestas,
Ficando
apenas a mancha na bela Terra.
Marcelo Faleiros
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