sexta-feira, 22 de junho de 2012

LUTO


"Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca."Oswaldo Montenegro

LUTO


O luto se faz necessário.
O silêncio em meio à lágrima é essencial.
A quietude com a amplitude do fim,
Leva-nos para reflexões fundamentais.
As tantas velas queimam vaidades,
Acendem algumas verdades, acorda-nos.
Flores coroam o sublime momento,
Emolduram, resta-nos viver, continuar.

O luto deve ser bem vindo.
Pois a morte nos liberta da eternidade,
Fazendo com que a vida tenha mais sentido.
É no fim que percebemos o que temos.
É na saudade que resgatamos o já vivido.
E as tantas vaidades escoam,
Indo por ralos, deixando-nos humanos.

O luto não é fácil nem feliz.
O tempo se faz lento, sem alento.
Chora-se, implora-se a volta, em vão.
Percebe-se o que antes tanto se tinha,
E vê-se o que ainda se tem,
E se implora a Deus mais tempo
Para se perdoar pelo o que não se disse.

O luto é o que teremos um dia.
Quando o ar não mais alimentar.
Quando o olhar se permitir outra dimensão,
Quando o que ficou não é mais carne.
Quando o que se tem, ficar com os que ficam.
E se fincar no coração o fim do pulsar.
Quando, enfim, nosso corpo frio,
Ficar estático, amado, sendo velado.

Marcelo Faleiros

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