terça-feira, 27 de setembro de 2011

SOCORRO


"Socorro alguma alma mesmo que penada, me empreste suas penas, já não sinto amor nem dor, já não sinto nada. " Arnaldo Antunes







SOCORRO

Socorro!
Dê-me sua mão, a faixa não é segura.
Dê-me seu tempo, meu relógio parou.
O sinal vermelho estagnou.
A sirene grita, e a fábrica não pára.
O sol se põe e ninguém vê.
A lua procura lugar na noite,
Noite sem o beijo de despedida no portão.
Sem o sereno a hidratar o último beijo.


Socorro!
O patrão só pensa em dinheiro.
O ladrão se pensa justiceiro.
E o operário em escravidão, é só pena.
O governo, desgovernado entra em choque.
O voto, sem direção, desmonta a democracia.
A aristocracia, a chibatar, a esfolar.
E vamos a cambalear, vamos pelo país,
A chorar pelo eterno futuro.


Socorro!
Dê-me o pequeno tempo de sua atenção,
Os olhares não se vêem, todos cegos.
Nas tantas ruas que se cruzam, só solidão.
Nas tantas escolas, alunos reféns do futuro.
Vesti-se a mentira do vestibular, testa-se.
Socorro, meu coração pergunta, qual a verdade?
E o futuro ficará com uma imensa saudade,
Daquele doce sorriso dado na primeira infância.

Marcelo Faleiros

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