sábado, 20 de agosto de 2011

A BOMBA QUE ME PERSEGUE

Devemos nos cuidar para que nossas angustias não tomem dimensões explosivas.





A BOMBA QUE ME PERSEGUE


A bomba que me persegue não virá do céu
Não irá cair em forma de avião
Incendiando, matando, derrubando vidas.
Não explodirá em atos terroristas
Na esquina, ou em lojas de ilusão.

A bomba que me persegue não virá do mar
Em submarinos nucleares, ou porta aviões
Descarregando homens fardados, alucinados,
Tão perdidos quanto os chefes de estado, com suas razões.
Não virá nem de terroristas nem de aliados.

A bomba que me persegue não virá em guerras biológicas
Nem com o derrame de produtos químicos
Não virá em cartas lacradas para se espalhar a morte
Ou pelo ar refrigerado de prédios públicos.
Ainda respiro o ar puro dos que não são do Norte.

A bomba que me persegue está dentro de mim
Está na desconfiança e no peso de tanta cobrança,
Está no grito contido que ainda não fui capaz de dar,
Está na falta de sonhos e de vontade de brincar,
Está na lágrima que secou sem eu nada mudar.

A bomba que me persegue sempre esteve dentro de mim.
Não está em nenhum outro lugar.
E o pavio, tão curto, teima em queimar.

A bomba que me persegue pode explodir
A qualquer instante,
Em qualquer lugar.


Marcelo Faleiros

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