quarta-feira, 24 de agosto de 2011

TER SIDO


As vezes somos apenas a sombra do que podia ter sido.







TER SIDO

Sou o que sinto, imerso num código genético,
Navegando um universo imenso e sem dimensão.
Preso a rotações, translações, preso a sensações,
Pedindo que o tempo traga no futuro o presente inexistente.

Sou a fuga de tantos medos por traz dos sorrisos,
Correndo pelas estradas, seguindo placas, faixas.
Fechado num carro, isolando-me das poeiras, dos calores.
Indo, inerte, sempre com pressa, sem paixões e amores.

Sou a sobra do que sonhei nos tempos de infância.
E o fim da história, que vem com as rugas da vida real,
Imprime na face, na lembrança, no coração,
Que sou, na verdade, a ausência da coragem de ter sido.

                     Marcelo Faleiros


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