A inspiração do poeta deixa de lhe pertencer quando despejada no poema. Cabe a cada um que lê o poema interpretar as metáforas e ir (com a poesia que há no coração de cada leitor) para onde o poema levar.
MUSA DO POEMA
A musa do poeta não deve ser revelada.
A imagem que o poeta derrama em palavras,
Nunca deve ser explicada sem as metáforas.
Sem a perfeição, com os defeitos da visão,
Com os apelos físicos que a carne necessita.
A musa desenhada em rimas, em versos,
Não pode se permitir aos defeitos das rotinas,
Não pode ser encontrada em vitrines,
Nem ao se dobrar esquinas, no caos do cotidiano,
Muito menos na noite em festa e sem lua.
A musa pura, ou profana, lavada em lágrimas,
Não pode ser desvendada, desnudada.
Não se pode correr o risco de se acordar,
Pois a visão do poeta permite outras dimensões,
Muito além das estéticas, das linhas retas ou curvas.
A musa do poeta será sempre virgem,
Intocável, permanecendo impregnada no sentimento,
Em sensações, em paixões, em soluços.
Eternizada, sem as rugas, sem a dimensão do tempo.
Sendo, então, musa não mais do poeta,
E sim, do eterno poema.
Marcelo Faleiros
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