terça-feira, 2 de agosto de 2011

PERDÃO





PERDÃO


O que ouço nem sempre é o que me falam.
As palavras, soltas, caminham pelo ar,
e o que entendo pode não ser o que aos tímpanos embalam,
e sim o que em mim fez aflorar.

O que digo nem sempre é o que ouvem.
Os sons que de minha boca se libertam,
Podem fazer, no peito de quem os acolhem,
Estragos que no fundo não tive intenção.

O que vejo nem sempre é o que me mostram.
Pois os olhos tem algo de traição.
Por traz da retina, muitos sentimentos cantam,
gritam ao coração, o avesso da real visão.

O que lhe mostro pode ter outra interpretação.
Pois as várias cores em meio a multidão,
pode não focar seus sentimentos, sua emoção,
e ao invés de iluminar, trazer escuridão.

O que em mim é verdade,
em você, pode ser perdição.
O que em mim é sinal de liberdade,
em você, pode ser uma grande prisão.

Por isso, peço desculpa pelo que lhe falei.
Perdão pelo que não fui capaz de ouvir.
Por tudo, que pra me satisfazer, lhe mostrei.
Por tudo que, em você, algo de bom não fez fluir.

                              Marcelo Faleiros.

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