"Dentro de nós há algo de não tem nome e é isso que realmente somos." Saramago.
Bilhões de anos-luz. A dimensão do universo é simplesmente inimaginável. A humilde Terra, um “grão de areia” na imensidão de uma “praia” de ser perder de vista. Tudo a girar no desconhecido vazio, que pulsa com uma energia absurda que se desconhece a origem. Bilhões de estrelas a queimar, jorrando luzes que viajam com uma velocidade inalcançável, desenhando em meu cérebro algumas constelações.
E aqui estou, no quintal de minha casa, numa noite de lua nova, olhando para o céu, negro, salpicado de estrelas. A baixa luminosidade do bairro em que moro me permite observar melhor as tantas estrelas. Algumas de mais brilho chamam mais a atenção, sensibilizando minha retina, com a delicadeza de um carinho; outras, as vezes se apagam de tão humilde, e se reacendem quando fixo, nelas, meu olhar. Agradeço a compreensão destas estrelas, que se fazem humildes, e compreendem a minha pequenez, compartilhando, em meu pequeno universo, seu imenso brilho.
O que somos nesse imenso universo? Por que preciso existir sendo tão pequeno, tão incapaz de alterar, mesmo a rota de um pequeno meteorito? Por que me é permitido ter a noção de minha dimensão diante desta imensidão?
Sento-me e fico desenhando constelações em minha imaginação, vendo se o “Cruzeiro do Sul” aponta para o Sul, as “Três Marias”, ... até que percebo uma minúscula formiga subindo pelo meu braço. Necessito fixar bem a visão para enxergá-la, tão “pequena”. Num instante torno-me imenso, quase um mundo a se percorrer na errada rota escolhida por aquela formiga. Como que numa viagem, fecho os olhos e adentro para a imensidão de meu corpo, penetrando, aproximando, até chegar na pequena molécula, no núcleo de um átomo.
Sorrio ao perceber a relatividade dos meus universos.
De repente, escuto a voz de meu filho a gritar: "Papai! Cadê você?!"
Aquele som abriu meus olhos, e ao vê-lo abrir a porta, que dava para o quintal, e vir correndo de braços abertos, me oferecendo um sorriso e gritando "Papai!", entendi a dimensão do maior dos universos, o universo do amor.
Sinto-me imenso, e naquele abraço escorreu uma lágrima, feita de bilhões de moléculas, mostrando-me a dimensão de minha existência!
Marcelo Faleiros
Marcelo Faleiros
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