segunda-feira, 15 de agosto de 2011

VIVER


Viver, muitas vezes, é mais simples do que imaginamos.





VIVER



A vida é feita de cada pequeno momento,
Um após o outro, sem se perceber.
Um olhar pra lua, um arrepio em vão,
Um sabor de fruta, uma brisa leve,
Um passo, um sorriso na multidão,
Abrir a janela, a porta, o coração.

É a soma de breves segundos,
Um seguindo o outro, sem se querer.
Um triste choro, noite em solidão,
O calo que se abre, o suor que escorre,
O passo em fuga, o puro medo,
O apuro, apuração, a pura ação.

É o dominó a tombar com o sopro do tempo,
Deita-se um, esbarra-se, deita-se outro...
Um leve toque, eterno, breve beijo,
Um fio de lágrima, o fio que corta,
Fatia de pão, pão com café,
A fé, a esperança no que ainda não é.

É simples, passo deixando passado,
Sola gasta, gosto de terra, poeira...
Um dia de Natal, um dia de mar,
Um fim de semana, dia de amar,
A semente que fecunda, o cordão que rompe,
O olhar de um filho, um novo sonho.

Também deixa marcas, deixa amarras, saudades.
Imagem, retina inundada, mente gravada.
Um amor desfeito, outro se vem, perfeito.
As rugas, lutas, frustrações, decisões.
Outro dia, nasce o sol, brilha-se a lua,
Corre-se, menos colesterol, mais vida.

Como nada é eterno, também tem fim.
O Universo infinito tem fim, tudo tem fim.
Um prato de comida, sobre mesa, sabores,
Odores, cheiros, apelos, conselhos,
Um botão rosa, pétalas que caem, secas,
Uma tarde lilás, noite de prata.

Enfim somam-se os tantos momentos,
Deixa-se, na morte, a vida que se teve
E nos olhos que se fecham ainda se vê, em quem fica,
A eternidade da vida vivida.

                 Marcelo Faleiros



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