"Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar" Carlos Drummond de Andrade.
(foto de Sebastião Salgado)
CHORO
Choro, pois a faca me entra
Numa dor física que arde
Como o canto da chibata que senzala adentra
Tirando além de sangue a beleza da tarde.
Choro, porque a beleza é intensa
E no riso não cabe a emoção
E as lágrimas me lavam a alma densa
Aliviando a dor da saudade no coração.
Choro, porque sentir é saber
E no fio que corre sem querer
Escorre muito mais que lágrimas
Rola a verdadeira razão de viver
Choro, por que amo
E o amor não se contenta com a alegria
O amor sempre nos causa algum dano
Mas sem ele não existe harmonia
Choro, porque o que é belo se vai
Choro, porque o corpo as vezes cai
Choro, pois a vida é feita de vários ais
Choro, porque sem choro do útero não se sai.
Marcelo Faleiros
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